terça-feira, 30 de março de 2010

FESTIVAL


Festival de Marchinhas Lauro Maia
O Festival de Marchinhas Carnavalescas Lauro Maia é um concurso realizado pela Associação dos Moradores do Bairro Ellery, em parceria com o Bloco Pré-Carnavalesco Sai na Marra e com apoio da Prefeitura Municipal de Fortaleza, através da Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor).
Conheça a vida e obra de Lauro Maia, o grande homenageado pelo festival de marchinhas
Cinquenta e quatro anos após sua morte, Lauro Maia permanece como um dos maiores músicos cearenses de todos os tempos. Desde as primeiras apresentações na Ceará Rádio Clube, até a parceria com Humberto Teixeira e a “conquista” do Rio de Janeiro, Capital da República, Lauro escreveu, em uma curta trajetória de vida, uma obra que segue desconhecida por muitos, mas perene na qualidade com que cantou sua época e seu contexto. Agora, a história de vida de Lauro Maia pode ser revisitada, de modo suscinto e didático, através da biografia condensada lançada por Miguel Ângelo de Azevedo, o Nirez, categórico pesquisador que reflete sobre nuances da vida e da obra de Lauro Maia e revela detalhes e bastidores da formação da indústria cultural musical no Rio de Janeiro e na Fortaleza das décadas de 30 e 40.
Bandeira da saudade, muito além. Lauro Maia Teles, pianista, acordeonista e compositor cearense, nasceu em 1913. Sobre a data exata, persistem dúvidas, no confronto entre o registro civil e a certidão de batismo: seis de setembro ou seis de novembro? O fato é que o filho do dentista Antônio Borges Teles de Menezes e da professora de piano e compositora Laura Maia Teles de Menezes cedo escreveu sua própria história. Da resistência inicial às aulas de música ministradas pela mãe, passou mais tarde a se dedicar ao estudo, motivado pelo convívio com as obras de compositores cearenses e da fantástica produção musical da década de 30, período de gestação da moderna indústria cultural brasileira, em muito forjada pelas ondas emitidas pela Rádio Nacional e de outras emissoras do Rio de Janeiro.
Dos primeiros estudos aos 10 anos ao piano executado no Cine Majestic e na sala de espera do Grêmio Dramático Familiar, Lauro chegou em meados da década de 30 à sua primeira criação: o fox “Chega Pia!”, que passou a ser ouvido no intervalo das peças no Theatro José de Alencar. Pouco depois, a primeira marchinha deixa entrever a atmosfera condizente com as letras da época: “Não te quero mais / Vai, me deixa em paz / Não te quero / Vai suicidar-te / Aí tem fósforo e tem gaz”.
Na direção artística da Ceará Rádio Clube, o compositor se aproximou ainda mais da música popular, fosse a produzida pelo lado de cá, fosse a que chegava com o carimbo da consagração no Rio de Janeiro, meca política, econômica e cultural. Através do contato com a cultura popular, Lauro adaptou algumas peças musicais, alcançando sucesso. Também compôs bastante para o carnaval, cantando o cotidiano de uma Fortaleza bem diferente, em sua aparente ingenuidade.
Até que Lauro deixa escapar por um triz a graduação em Direito, resolvendo partir para o Rio. Na capital do País, ganha projeção nacional, tendo seu talento reconhecido e ampliando a repercussão de suas composições, através da parceria com o ilustre cunhado Humberto Teixeira. Foi também através de Lauro Maia que Humberto juntou seu matulão musical ao de outro “nortista”, um tal de Luiz Gonzaga, que encasquetou que o baião ouvido dos cegos e cantadores de feira bem poderia fazer sucesso no Rio de Janeiro. No resto, a história seguiu seu percurso.
Já Lauro Maia, que também abriria espaço para gêneros populares como a ligeira e o miudinho, apostou suas fichas no lançamento nacional do balanceio, ritmo que utilizou para compor sua “Eu vou até de manhã”. “Quem balança com jeito há de gostar / E se a nega for boa não quer mais parar / E o cabra chega fica mole, fica mole, mole, mole”. Mas obteve mais êxito no carnaval, mais precisamente com “Deus me perdoe”, versos de Humberto sobre a música ainda composta em Fortaleza. Uma das mais cantadas no carnaval de 1946. Na verdade, uma jóia atemporal.
Pena que o “bom tempo feliz” não durou muito. Desleixado com a própria saúde, o músico foi vitimado pela tuberculose, com a qual convivia pelo menos desde 1947, três anos antes de seu falecimento. Do Cemitério de São Francisco Xavier, no Rio, seus restos mortais foram transferidos em 1955 para o Cemitério São João Batista. O filho voltou à terra, em que sua obra permanece desconhecida para muitos. Mas ainda repercute, graças ao esforço de pesquisadores e produtores e à sensibilidade de intérpretes capazes de, mesmo bissextamente, recorrer ao baú de cantigas. Das quais Lauro Maia foi um senhor criador. Fonte: Diário do Nordeste (12/09/2004)

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